Saturday, 5 July 2008

Imprisoned

As correntes estão apertadas. Nem uma réstia de esperança. Ela espera lá fora.

Lá fora a esperança voa, sem restrições. O seu limite é nao ter limites. Lá fora, o resto do universo, onde esses pontos brilhantes que preenchem o céu iluminam o espelho cristalino e cintilante da água. Lá fora ouve-se bem no alto um som inesquecível que marca presença da maré alta que chegou para ficar indeterminadamente. Lá fora o vento define o percurso da simples folha que o abandonou. Que lhe virou costas e se fez a um mar por descobrir.

Cá dentro, um vazio.

É uma ânsia constante que percorre o corpo. Aqui os segundos não passam de meras suposições de cada mente, pois cada um viaja demoradamente e tem prazer em deixar pesadamente a sua marca em todo o decorrer desse grande ingrato que é o tempo. Inconformado, dizem, acelera e trava conforme o desejo de uma alma se encontra mais ou menos perto de se realizar. Enviado pela morte, é um manipulador egoísta que baseia o seu prazer no sofrimento de outrém.

O próprio suor parece escorrer pelas paredes. Apesar da composição e origem que os distingue, parece misturar-se com as lágrimas que descem serpenteando inundando o corpo e vão repousar enfim nos fracos dedos que tentam acariciar a terra que cobre o chão. Não há qualquer tentativa de se soltar de quem o fez prisioneiro do seu próprio feito. Não há nem nunca deve haver na vida uma altura para desistir. É moral e eticamente errado da parte do ser humano pensar sequer tal pensamento. Contudo, há uma outra altura. Aquele preciso momento em que nos apercebemos do erro e arcamos com as consequências para o resto da vida.
E não há segundas oportunidades.

Saber que a liberdade se encontra ao virar da esquina e no entanto não ter meio de a alcançar pela mais intensa das lutas do coração.. Saber que é uma simples parede que nos separa de um mundo inteiro.. Saber que há uma vida que nos espera com afinco do outro lado e que apenas se fica por um sonho impossível de concretizar.. Quando são simples correntes que nos prendem ao chão e nos impedem de abrir asas e voar para longe para refazer o que está mal feito e começar de novo.

Saber que ninguém nos deu uma oportunidade de ser alguém torna uma vida em algo sem razão aparente de ser.


Miguel

6 comments:

Unknown said...

Fodasse (começa bem xD)

Está perfeito, best ! :O
Quem me dera ter sido eu a escrever isso *_*
Tens um jeito do caraças, devias escrever mais pra eu aprender contigo (tsc tsc quem te dera xD!)

Anonymous said...

saudades destes teus raros momentos de inspiraçao.
Adoro-te miguel

Cisnes e Migalhas said...

Escreves bem, rapaz.

Escreves com alma e com maturidade (mesmo que ainda sejas jovem).

Continua a escrever.

Peace,
Miguel

Anonymous said...

:0
conheço o cisnes e migalhas muahaha
ta muito bom gilaf

Anonymous said...

Mike ve se gostas da letra do Amir.

Bea said...

miguel tu ja ouviste isto, mas eu digo.o de novo mas acredita que é sentido...
isto está incrivel! leio, re-leio e volto a ler e cada palavra parece encaixar perfeitamente. cada palavra tem um lugar especifico e é lá que deve estar para que um simples texto que podia ser completamente banal se torne num dos mais bonitos textos que já li

muitos parabéns, e por favor volta a escrever!
bjnhs, *BEA