Chego aqui mais uma vez para escrever. Ou para não escrever. Porque vai passar bastante tempo até voltar a sentir necessidade de deixar espelhadas nestas «páginas» o que me vem atormentando ao longo dos tempos. Basicamente, há alguém aí desse lado que não tem de levar com mais porcaria escrita por mim. Por isso abre a janela e grita ao mundo o quanto vais ser feliz de hoje em diante. Aquele que, com grande satisfação minha por ter cumprido apenas mais um dos meus imensos objectivos, muito provavelmente será um dos melhores blogs do mundo (precisamente por ser o que tem mais merda) vai, temporariamente, ter um ponto final. Parágrafo? Não, game over mesmo, para mim e para o resto. Esse resto, as sobras do meu dia-a-dia, baseia-se em merda. «Pah mas que panca deste idiota, tá constantemente a referir-se a merda e merda e merda..» Mas sendo este um post de pausas para contemplações, ponho também um ponto final nessa série de merdas que tenho vindo a mencionar e ponho a merda toda no devido caixote. Merda para isto.
Ultimamente tenho-me revelado demasiado filosófico e ponderado sobre certas questões que afectam o homem, a sociedade e o mundo. Foda-se. Quando as coisas dão para o torto ninguém consegue evitar escrever merda. Pah, tenho andado com aquela sensação de precisar de escrever sobre «o gajo». Não é este ou aquele. Peguemos num indivíduo do mais labrego e vulgar que existe, e façamos dele o nosso gajo. O bom samaritano comum, que anda pela rua feliz da vida, sem se preocupar com nada nem com ninguém. De facto, mal ele suspeita que ao virar da esquina há uma mínima (no entanto considerável) hipótese de:
-aparecer um saco cheio de notas de €500 no chão;
-aparecer uma puta que não cobra;
-aparecer um psicopata tarado que só lhe quer ir ao cu.
-aparecer um saco cheio de notas de €500 no chão;
-aparecer uma puta que não cobra;
-aparecer um psicopata tarado que só lhe quer ir ao cu.
Considerando as 3 hipóteses, creio que aquela que o gajo (e todos nós, suponho eu) gostava de afastar logo imediatamente é a penetração anal do psicopata.
Contudo, se pararmos para pensar um pouco, talvez sejamos tentados a considerar também as outras alternativas. Vejamos como o gajo fica radiante ao encontrar o saco com os pedaços de papel amarrotado, cada um com o desenho de um 500 bem gordo (o número mais elevado que os azeiteiros que governam este país são capazes de produzir). Logo assola-lhe à mente bradar aos céus e proclamar que está rico. Estúpido como é o gajo comum, não previu a multidão de pobrezinhos (também vulgarmente conhecidos como portugueses) à sua volta, que lhe salta para cima carregando armas brancas e outras de calibre tão elevado que não será mencionado aqui para bem dos leitores (que já são poucos, ficar com nenhum seria como ganhar o prémio do blog mais nojento do mundo. Nesse sentido, fica para a próxima..). E logo se afasta o comício de tugas, continuando a luta entre si para ver quem é que leva a maior parte do guito. Ninguém repara que tá um gajo a esvair-se em sangue no meio da estrada, com uma faca no peito.
Pronto, a ideia de encontrar o saco cheio de euros deixa de ser tao atractiva. Mas avaliemos a seguna opção, a da puta que o gajo avista na esquina, de pernas abertas e a mascar pastilha elástica. O estereótipo do homem solteiro (ou não) ficaria «radiante» (tal como o gajo que encontrou o saco cheio de guito na rua) com uma pega que se propõe a fazer o seu trabalho de graça (perante isto, proponho imaginarem uma verdadeira badalhoca). Depois de dado início ao processo, o gajo é assaltado 2 horas e meia mais tarde pelo pensamento de que cometeu o maior erro da sua vida, pois ou se apercebe que tinha coisas mais importantes para fazer do que tar num canto da rua enrolado com uma gaja que não tem jeito nenhum para a coisa e que portanto está a fazê-lo perder o seu tempo, ou então aparece o marido da gaja. É de facto um mundo estranho, aquele em que vivemos, onde as putas que não levam nada pelo serviço são normalmente casadas, logo não têm de se preocupar com questões monetárias. Mas já me tou a desviar.. ya, o homem aparece e encontra a mulher com um genital masculino no seu interior. Provavelmente a mente do gajo está a ser assombrada por pensamentos tipo «mas porque é que eu andei a enfiar o pénis onde não devo?!'' enquanto o homem, sedento de sangue por ver a sua mulher a ser penetrada por gente rude do campo, se aproxima, já sacado da bazuka que trazia no bolso (mesmo à desenho animado). E pronto, volta o casal para casa: a mulher, para fazer mais um pouco do que esteve a fazer nos últimos 180 minutos; o homem, para se dar por satisfeito, após ter deixado uma cabeça a rebolar no pátio de casa.
Vistas as coisas por este ângulo, a perspectiva de um gajo ser enrabado por um psicopata deixa de ser tão desagradável..
Voltemos ao gajo. Aquele que ia virar a esquina para se deparar com a escolha mais difícil da sua vida. Ingénuo de merda. Por vezes vejo no gajo um reflexo da minha pessoa, a enfrentar escolhas difíceis todos os dias. Não, não sou todos os dias assaltado por pegas e psicopatas, mas calculo que esse também seja o desejo de muita gente. As minhas escolhas limitam-se a escolher o par de meias certo todos os dias (que para grande sorte minha, não é assim tao difícil..). Para mim umas meias confortáveis são as que definem o meu dia.
Precisava de escrever. Não me levem a mal, nunca tive jeito para esta merda e deixei-me levar. E como não queria acabar tudo isto a falar do odor corporal que os pés de um gajo transmitem no fim de um dia definido pelo par de meias que usou..
Hasta.
Miguel