Friday, 30 May 2008

Último Pensamento

Chego aqui mais uma vez para escrever. Ou para não escrever. Porque vai passar bastante tempo até voltar a sentir necessidade de deixar espelhadas nestas «páginas» o que me vem atormentando ao longo dos tempos. Basicamente, há alguém aí desse lado que não tem de levar com mais porcaria escrita por mim. Por isso abre a janela e grita ao mundo o quanto vais ser feliz de hoje em diante. Aquele que, com grande satisfação minha por ter cumprido apenas mais um dos meus imensos objectivos, muito provavelmente será um dos melhores blogs do mundo (precisamente por ser o que tem mais merda) vai, temporariamente, ter um ponto final. Parágrafo? Não, game over mesmo, para mim e para o resto. Esse resto, as sobras do meu dia-a-dia, baseia-se em merda. «Pah mas que panca deste idiota, tá constantemente a referir-se a merda e merda e merda..» Mas sendo este um post de pausas para contemplações, ponho também um ponto final nessa série de merdas que tenho vindo a mencionar e ponho a merda toda no devido caixote. Merda para isto.

Ultimamente tenho-me revelado demasiado filosófico e ponderado sobre certas questões que afectam o homem, a sociedade e o mundo. Foda-se. Quando as coisas dão para o torto ninguém consegue evitar escrever merda. Pah, tenho andado com aquela sensação de precisar de escrever sobre «o gajo». Não é este ou aquele. Peguemos num indivíduo do mais labrego e vulgar que existe, e façamos dele o nosso gajo. O bom samaritano comum, que anda pela rua feliz da vida, sem se preocupar com nada nem com ninguém. De facto, mal ele suspeita que ao virar da esquina há uma mínima (no entanto considerável) hipótese de:
-aparecer um saco cheio de notas de €500 no chão;
-aparecer uma puta que não cobra;
-aparecer um psicopata tarado que só lhe quer ir ao cu.

Considerando as 3 hipóteses, creio que aquela que o gajo (e todos nós, suponho eu) gostava de afastar logo imediatamente é a penetração anal do psicopata.

Contudo, se pararmos para pensar um pouco, talvez sejamos tentados a considerar também as outras alternativas. Vejamos como o gajo fica radiante ao encontrar o saco com os pedaços de papel amarrotado, cada um com o desenho de um 500 bem gordo (o número mais elevado que os azeiteiros que governam este país são capazes de produzir). Logo assola-lhe à mente bradar aos céus e proclamar que está rico. Estúpido como é o gajo comum, não previu a multidão de pobrezinhos (também vulgarmente conhecidos como portugueses) à sua volta, que lhe salta para cima carregando armas brancas e outras de calibre tão elevado que não será mencionado aqui para bem dos leitores (que já são poucos, ficar com nenhum seria como ganhar o prémio do blog mais nojento do mundo. Nesse sentido, fica para a próxima..). E logo se afasta o comício de tugas, continuando a luta entre si para ver quem é que leva a maior parte do guito. Ninguém repara que tá um gajo a esvair-se em sangue no meio da estrada, com uma faca no peito.

Pronto, a ideia de encontrar o saco cheio de euros deixa de ser tao atractiva. Mas avaliemos a seguna opção, a da puta que o gajo avista na esquina, de pernas abertas e a mascar pastilha elástica. O estereótipo do homem solteiro (ou não) ficaria «radiante» (tal como o gajo que encontrou o saco cheio de guito na rua) com uma pega que se propõe a fazer o seu trabalho de graça (perante isto, proponho imaginarem uma verdadeira badalhoca). Depois de dado início ao processo, o gajo é assaltado 2 horas e meia mais tarde pelo pensamento de que cometeu o maior erro da sua vida, pois ou se apercebe que tinha coisas mais importantes para fazer do que tar num canto da rua enrolado com uma gaja que não tem jeito nenhum para a coisa e que portanto está a fazê-lo perder o seu tempo, ou então aparece o marido da gaja. É de facto um mundo estranho, aquele em que vivemos, onde as putas que não levam nada pelo serviço são normalmente casadas, logo não têm de se preocupar com questões monetárias. Mas já me tou a desviar.. ya, o homem aparece e encontra a mulher com um genital masculino no seu interior. Provavelmente a mente do gajo está a ser assombrada por pensamentos tipo «mas porque é que eu andei a enfiar o pénis onde não devo?!'' enquanto o homem, sedento de sangue por ver a sua mulher a ser penetrada por gente rude do campo, se aproxima, já sacado da bazuka que trazia no bolso (mesmo à desenho animado). E pronto, volta o casal para casa: a mulher, para fazer mais um pouco do que esteve a fazer nos últimos 180 minutos; o homem, para se dar por satisfeito, após ter deixado uma cabeça a rebolar no pátio de casa.

Vistas as coisas por este ângulo, a perspectiva de um gajo ser enrabado por um psicopata deixa de ser tão desagradável..

Voltemos ao gajo. Aquele que ia virar a esquina para se deparar com a escolha mais difícil da sua vida. Ingénuo de merda. Por vezes vejo no gajo um reflexo da minha pessoa, a enfrentar escolhas difíceis todos os dias. Não, não sou todos os dias assaltado por pegas e psicopatas, mas calculo que esse também seja o desejo de muita gente. As minhas escolhas limitam-se a escolher o par de meias certo todos os dias (que para grande sorte minha, não é assim tao difícil..). Para mim umas meias confortáveis são as que definem o meu dia.

Precisava de escrever. Não me levem a mal, nunca tive jeito para esta merda e deixei-me levar. E como não queria acabar tudo isto a falar do odor corporal que os pés de um gajo transmitem no fim de um dia definido pelo par de meias que usou..

Hasta.


Miguel

Thursday, 22 May 2008

Pensamento III

Há uma atitude constante do gajo em ser um sacana e querer sempre mais. A esta atitude chamamos egoísmo. Porque, se formos a ver, o gajo nunca se dá por satisfeito. E, de cada vez que há uma certa atenção por parte de alguém, ele mostra-se alegre, contente. Feliz. Quando, lá no fundo, mostra-se irritado porque precisava de algo mais.

Cambada de cínicos. Somos umas bestas.

Onde pára essa merda chamada altruísmo? Não pára. No fundo, o altruísmo não existe. Tamos todos a cagar-nos uns para os outros. O mundo baseia-se nisso, a sociedade foi construída assim e o homem adapta-se. Aquilo que «pensamos» ser altruísmo não pára, paira, voa sobre as nossas cabeças como um bando de pombos prestes a finalizar a digestão. A comparação é boa, porque quando cai, cai como autêntica merda, e de repente fazemo-nos de santinhos e arrependemo-nos puramente dos nosso actos, e vimos com aquela conversa do pedir perdão e do dar sem nada pedir.

Para além de cínicos, somos hipócritas.

Há uma certa dificuldade em aproveitar. Simplesmente aproveitar. Ninguém é perfeito, mas que nenhum filho da puta me venha dizer com falinhas mansas dizer que sabe que errou e que está pronto a pedir perdão, porque errou sem querer, sem intenção. Chamem-me estúpido, cabrão, o que quiserem, mas para mim atitude mais hipócrita não há. Voltemos ao gajo. O que fez merda. Claro, há sempre que pôr o orgulho de lado, assumir a responsabilidade. Mas cair de joelhos a garantir que vai ser bom e que vai zelar pelos outros para o resto da vida.. Isso não.

Hoje ouvi um par de frases numa música que me fizeram escrever. Reflectir sobre a merda que corre o dia-a-dia de um gajo costuma fazer-me bem. Não que eu seja pessoa de reflectir. Sou, tipo, gajo de tentar não se fazer passar pelo completo idiota que é. Mas também não é para fingir. É para levar as coisas a sério.

Fazemos merda todos os dias. O mínimo que temos a fazer é engulir o orgulho, e não deixar que os outros limpem a merda que nós fazemos.


Miguel

O filho da puta

Um milionário promoveu uma festa numa das suas mansões e, a determinado momento, pede que a música pare e diz, olhando para a piscina onde cria crocodilos australianos:
- Quem saltar para a piscina, conseguir atravessá-la e sair vivo do outro lado ganha todos os meus carros. Alguem se habilita?
Espantados, os convivas permanecem em silêncio e o milionario insiste:
- Quem saltar para a piscina, conseguir atravessa-la e sair vivo do outro lado ganha os meus carros e os meus aviões. Alguém se habilita?
O silencio impera e, mais uma vez, ele oferece:
-Quem saltar para a piscina, conseguir atravessá-la e sair vivo do outro lado ganha os meus carros, os meus aviões e as minhas mansões.

Neste momento, alguém salta para a piscina. E cum caralho..a cena é impressionante. Luta intensa; o destemido defende-se como pode, segura a boca dos crocodilos com pés e mãos, torce o rabo dos répteis. Foda-se, é só visto! Muita violência e emoção.

Após alguns minutos de terror e pânico, sai o corajoso homem, cheio de arranhões, hematomas e quase despido.O milionário aproxima-se, dá-lhe os parabéns e pergunta:
-Onde quer que lhe entregue os carros?
-Obrigado, mas não quero os seus carros.
Surpreso, o milionário pergunta:
-E os aviões, onde quer que lhe entregue?
-Obrigado, mas não quero os seus aviões.
Estranhando a reacção do homem, o milionário pergunta:
-E as mansões?
-Eu tenho uma bela casa, não preciso das suas. Pode ficar com elas. Não quero nada seu.

Impressionado, o milionário pergunta:
-Mas se você não quer nada do que ofereci, o que quer então?
E o homem respondeu irritado:
-Achar o filho da puta que me empurrou para a piscina!

Moral da história:

Somos capazes de realizar muitas coisas em que por vezes nós mesmos não acreditamos, basta um empurrãozinho. Um filho da puta, em certos casos, é útil na nossa vida. Como esta merda a que chamamos Terra está cheio de filhos da puta, e como eu acredito que ja apanhaste algum, até isto pode ser uma motivação para cumprir os objectivos da tua vida.

E com esta merda, hoje perdi 30 minutos.. Caralho.

Miguel

Sunday, 18 May 2008

night

Gosto da noite. Prefiro a noite ao dia. Prefiro a lua ao sol, prefiro as estrelas ao azul claro do céu. Gosto da noite. A noite dá-me uma necessidade insaciável de escrever. Esta noite dá-me vontade de dedicar grande parte do meu tempo a preencher este ecrã com palavras soltas. O meu non writing está de volta.

Vou ser muito claro, de um modo confuso. Não tenho rigorosamente nada a dizer. Por isso há alguém desse lado que muito provavelmente está a pensar ''mas por que raio é que eu estou a ler estas merdas que não fazem sentido nenhum, vindas de um tipo com a mania que é alguém?!''. Mas eu garanto-te a ti que não tenho aqui nada de interessante, nada de novo para o mundo, portanto se achas que estás a perder o teu tempo a ler esta merda podes fechar isto e ir ver videos no youtube.

Hoje alguém teve um nó na garganta e um aperto no estômago. Hoje alguém ultrapassou as barreiras do compreensível, da máscara, e mostrou-se como o ser verdadeiramente grosseiro, rude e ingrato que é. Chamem-lhe bebé. e não, isto não é para teres pena dele. Já o disse muitas vezes e volto a dizê-lo: tou-me a cagar. E como já me disseram, depois desta afirmação, que para além de cagar há-que pensar também em mijar (citação com a qual eu concordo plenamente), vamos deixar isso de lado e voltar ao non-writing.

Alguém que não dá valor ao que tem. Alguém que constantemente se queixa quando tem tudo para ser feliz. Alguém que não se contenta por uma ninharia. Alguém que está sempre à espera que outro alguém lhe caia aos pés (este outro alguém é também vulgarmente conhecido como lambe-botas). Alguém que está sempre à espera que o fruto caia da árvore já maduro. Alguém que tem tendência para se sobrevalorizar em relação a outro alguém, e a fazer desse outro alguém nada mais do que a sua sombra. Alguém que mostra um exterior sobrecarregado de mentiras quando o interior procura alguma merda que seja verdadeira. Alguém que não olha a meios para atingir os fins. Alguém que não olha para ver quem está ao lado, mas para ver o que ganha se seguir o caminho em frente.

Em certas alturas, este alguém sou eu.


Miguel

Saturday, 10 May 2008

Pensamento II

Há gente muito merdosa neste planeta de merda.

Saturday, 3 May 2008

careless

Para muitos, isto pode ser estúpido. Nunca terão talvez tamanha afectividade perante um objecto inanimado. Mas eu simplesmente não resisti a mencionar este objecto em particular. A mencioná-la, a ela, que me tem acompanhado há tão pouco tempo, mas com quem tenho aprendido a crescer.

Hoje encontrei uma racha. Não pude resistir a percorrer com o dedo a fina linha onde aquela madeira preciosa que só uma verdadeira Alhambra possui se encontrava dividida. E foi daquelas coisas que te deixam fora de ti, que conseguem deitar um gajo ao chão. Quando acordas daquele sonho, é veres o regresso à realidade num momento súbito e aperceberes-te de que o mundo te caiu em cima.

Ela veio quando eu tinha uns meros 11 anos. Basicamente, foi uma altura na minha vida em que estava decidido que eu já não poderia continuar a viver sem música. A música nunca foi algo que me encontrou no meu decorrer ainda prematuro, apenas creio que nasci com ela no meu interior, e nesta altura alguém lá em cima se lembrou de a libertar para um espaço mais amplo, de modo a que eu e ela fôssemos um só. Meu, foi das grandes escolhas da minha vida (ainda que sendo novo, também não foram muitas as minhas escolhas a uma grande escala). Tinha tantas opções à minha frente e, no entanto, o sonho daquele rapaz de 11 anos concretizou-se quando recebeu a guitarra nas mãos. Uma Alhambra, com mais de 40 anos, que passava agora para uma nova geração com tenções de que desse momento em diante seria eu o responsável por ela.

Passaram quase 4 anos desde então. 4 anos com a minha guitarra (recentemente baptizada de ''Filipa'', devido a um capricho de certa amiga minha). 4 anos em que, com a guitarra, dei início a um longo processo de aprendizagem interior, tanto na música como na minha forma de ser. Sempre a considerei um ser, uma pessoa, uma amiga. Os meus piores momentos foram passados como apoio sempre constante dela, alturas em que só ela me valeu. Não falo dos melhores, mas com certeza que muitos desses momentos ocorreram graças a ela. Foram alturas em que nenhum amigo de maneira alguma me poderia sustentar, que ela esteve lá. Cheguei apenas a fechar-me no quarto, a refugiar-me no telhado em momentos de maior dor, e levava-a para lhe falar. E lá estava ela para me ouvir. E nunca teceu comentário algum sobre as coisas que lhe contei, mas eu sei que ela me ouvia.

Agora, chegava a casa para ver que algo não tinha corrido bem, e ao tocar-lhe de novo senti a pesada marca. A prova de que, nos últimos tempos, não lhe dei a importância que devia. Fui descuidado e senti-me abalado por uma tristeza. Não daquelas que sentimos quando um amigo se vai embora. Mas um pequeno aperto no estômago. Por pensar que está velha. É verdade, eu sei, eu sinto-o quando a toco, quando puxo por ela, quando percebo que ela já está a dar o melhor de si, e que não dá tanto quanto já terá dado nos seus melhores tempos.

Escrevi talvez mais uma vez sem sentido. Voltarei a escrever quando ela partir de vez, mas eu acredito que posso fazer com que ela dure mais e me ajude mais uma vez. É estranho escrever para um objecto. É a primeira vez que o faço, com esperança que seja a última.


Miguel